O tempo serve pra quê?

Serve para nos deixar apreensivos, para fazer a gente correr, correr pra tudo. Essa não é a melhor idéia de tempo. Tenho medo de não ter tempo para as coisas boas, medo de me tornar um workaholic, um coitado viciado em trabalho, com uma vida totalmente fundamentada no modo de ser metódico. É inteligente ser despreocupado, alivia a cabeça e mata a sede do intelecto.

Talvez 24 horas sejam mesmo pouco tempo, talvez 20, 30, 50 anos sejam pouco tempo, é tudo uma questão de visão, de vivencia. Um homem sozinho, aposentado, sem família ou amigos, porém extremamente rico pode pensar que soube usar o seu, afinal construiu um belo império material, mas isso é tudo, ele ainda é feliz, mas por quanto tempo mais?

Não penso que tempo seja dinheiro, mesmo que seja um pensamento que caminha na total contra-mão da humanidade, o meu não tem preço. A vida é feita de experiências, boas e ruins, mas todas acompanhadas de muito aprendizado, alguém vende vida por aí? A minha é mais valiosa do que qualquer tipo de papel moeda, vale o que me é importante, se o preço é aprendizado penso que é um valor justo, levando em consideração aquela velha filosofia de que “sabedoria é o único bem que ninguém pode nos tirar”.

Enquanto fico aqui, sentado em frente a um computador, escrevendo idéias que nem sei quantas pessoas irão ler, ou se alguém vai mesmo ler, uso um pouco do meu tempo, mas não o perco, tempo perdido é perdido com coisas fúteis, e se parar pra pensar não há muita coisa que seja fútil. Estar em um bar, com amigos ou desconhecidos, bem à toa, não é perder tempo, com amigos não se perde tempo nunca, e com boas conversas também não. Perder tempo é deixar de fazer isso.

E se você acha que tempo é dinheiro, está na hora de gastar mais, esbanjar com leitura, conversas, soneca quando o cansaço já é inabalável, bons filmes, boa música. Isso não é papo de vagabundo, só pequenas boas idéias pra se chatear menos com tudo, e como conseqüência, pra deixar de ser chato.

Sobre jornalismo...


Para se fazer bem alguma coisa é preciso gostar do que faz, antes de escolher uma carreira as pessoas costumam pensar e pensar... no meu caso acho que foi um impulso pensado, estranho, mas é assim.

Como você vê o jornalismo? Como uma utilidade pública? Como uma profissão para boêmios ou uma atividade sisuda para pessoas quadradas? Eu vejo como a minha vida, a minha profissão, o que eu resolvi escolher para fazer, assim... num espasmo momentâneo de “impulso pensado”.

A arte de escrever, a redação, as incessantes e longas - e também prazerosas - horas de leitura. A pirâmide invertida, o lead, o dead line, o texto literário, as passagens, as pesquisas, os off’s, as pautas. Tudo isso agora faz parte da minha vida, aprendi, aprendo e ainda vou aprender muita coisa, mas o mais importante é a lição que temos todos os dias nas aulas e nos laboratórios, lidamos com pessoas e suas histórias, somos ouvintes e reprodutores de cada narrativa, abrimos as aspas dos pensamentos e pontuamos cada linha preenchida com opiniões diversas, afinal é nosso dever ouvir todos os lados, mas também é importante emitir o nosso ponto de vista.

Imparcialidade é um dever, passividade é burrice, não somos treinados para sentar e transcrever o que nos foi dito. Aprendemos a apurar, ouvir, entender, explicar e tornar público, numa forma mais funcional de ver as coisas. Mas também sabemos ser complexos, saber um pouco de cada coisa é nossa obrigação.

Soa um tanto quanto ambicioso demais querer escrever o que é o jornalismo de verdade, nem sei nada sobre o assunto, sei o que devo saber e também o que devo aprender, e uma noção de que desconheço o que devo conhecer, cabe agora correr atrás, conhecer o desconhecido e descobrir o mais desconhecido ainda.

Sou de uma turma que se aproxima do fim do começo, ainda não é último ano, mas a idéia de que o ano que vem será é meio assustadora, mas um alívio, findará uma época de aprendizado e começará outra, é assim que a vida segue, feita de etapas. O mercado nos espera, o mundo real está logo ali, sem intervalo no chafariz, sem sonecas no meio das aulas, sem brincadeiras insanas e seções de fotos que começam do nada. Mal começou 2008 e já penso em 2009, o tempo corre, aproveitemos enquanto dura, vamos treinando para ser grandes profissionais e pessoas de caráter, conhecimento nunca é demais, aumentam os centímetros das nossas mentes, fechando uma diagramação perfeita com títulos inteligentes. As amizades feitas não desaparecem, o tempo pode até distanciar, mas uma história já foi escrita e o texto não foi editado, está tudo na íntegra.