Grande polyvalence

Ela é brasileira, mas definitivamente não é samba, com esta frase escrita em inglês (She's Brazilian, but it's definitely not samba) Bluebell está definida em seu myspace.

A artista surgiu no cenário independente da música paulistana. Ela canta e compõe. “Ela é destas cantoras cuja voz tem personalidade e se destaca. Impossível não ficar encantado”, diz o cineasta brasileiro Fernando Meireles que coloca a cantora entre aqueles “grupos ou cantores geniais de quem nunca havia ouvido falar”. “Ela vai de pegadas nervosas como ‘Ordinary Life’ à suavidade provocante de Dull Routine, It Could Have”, compara o crítico musical Donizetti Costa do jornal Diário de São Paulo.

Bluebell surgiu no final de 2005 com suas canções de arranjos criativos e letras muito bem escritas. Suas músicas são como surpresa para quem ouve, é diferente porque combina diferenças, promove misturas de ritmos e de línguas, além de expressões emotivas que vão do sorriso traquinas ao choro inconsolável e dolorido.

Isabel Garcia tem um CD gravado, com o título Slow Motion Ballet, onde apresenta todo o tom de surpresa e inconstância de suas canções, onde o ouvinte pode se deleitar com a bela voz desta artista talentosa.

O vídeo a seguir é uma produção do site música de bolso, onde Bluebell canta uma de suas mais belas músicas – La Vie en Chose. O clipe foi gravado num banheiro para o clima ficar semelhante ao do CD, em uma parte a cantora parece estar num chuveiro. Com ela, Eric Budney e Pedro Baby acompanhando pra não ficar à capela...





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Sobre todos os trilhos da terra

Um cara tentando levar a vida de uma forma que ela seja mais agradável. Um cara que pensa que a vida deveria ser uma festa contínua, pois assim ele foi criado – o pai já pensava dessa forma. Um cara socialmente um pouco tímido, apesar de ser artista. Um artista, diga-se de passagem, com uma agenda de horários apertados. A conversa com Geraldo Roca aconteceu em sua casa, em Campo Grande, em uma noite de sábado, pelo horário quase chegando no domingo, antes que ele saísse para mais um compromisso: um evento de encontro entre artistas do Estado, onde se apresentaria.

Apaixonado pelo folk, Geraldo Roca traz o ritmo para suas composições misturando com elementos do rock. Começou sua carreira por volta dos 13 anos no Rio de Janeiro, cidade onde nasceu e viveu durante boa parte da vida. Na época tocava violão e guitarra em uma banda chamada The Yellow Bird, que fazia cover de bandas como Beatles e Rolling Stones. Mais tarde seu grupo se tornaria a banda Kaos, com “canções mais pesadas”. Para exemplificar, Roca cita o nome de uma música do antigo repertório, intitulada Mate a Família e Vá ao Cinema. Nesta fase tinha em torno de 17 anos de idade. Repetiu o primeiro ano colegial e veio para Campo Grande morar com os tios e estudar. Seu primeiro disco foi um compacto feito através da gravadora Bandeirantes Discos, já fruto de uma temporada em São Paulo na década de 1970.

Seu trabalho mais conhecido é Trem do Pantanal, produzida em parceria com o amigo Paulo Simões, a quem Geraldo se refere como Paulinho. “Fizemos a música exatamente durante uma viagem no trem do pantanal e ela ficou pronta em menos de 30 minutos”, diz. O título original da música é Todos os Trilhos da Terra, que fala essencialmente sobre um homem que foge da ditadura sendo perseguido por estar politicamente do lado errado, esta seria a significação dos trilhos.

Foi também ao lado do Paulinho que Roca viveu o melhor dia de sua vida. “Estávamos em Cuzco, no Peru, na Plaça del Armas, quando o Paulinho pegou o violão e começou a tocar Mr. Tambourine Man, umas pessoas que estavam passando por ali deixavam umas moedas num chapéu que estava no chão. Só estávamos tocando mas as pessoas davam dinheiro, foi quando uma mulher americana que também estava ali com um carrinho de bebê virou o carrinho para nós e a criança tinha lindos e grandes olhos azuis, olhando a gente tocar... naquele instante, para mim a vida realmente fez sentido”, conta o artista, referindo-se a uma viajem feita em meados de 1977.

Sobre amizade Roca diz que “ninguém tem muitos amigos. Eu tenho grandes e bons amigos”. Seu assessor e amigo, Patrick Azevedo declara não existir uma relação somente profissional, para ele Roca é um bom amigo e um cara genial.

Em família, Geraldo Roca é um pai superprotetor, o que na visão de familiares é uma surpresa, uma vez que sempre foi o “porra-loca” da linhagem, com uma vida de músico, cabelo comprido e calças remendadas. Seu filho tem hoje 18 anos e está morando nos Estados Unidos. Ele é fruto do segundo casamento de Geraldo que tem três ex-esposas. “No meu primeiro casamento eu só tinha 18 anos e ficamos 14 anos juntos. Meu filho veio no segundo relacionamento e foi planejado, veio em uma época que eu desejava mesmo constituir uma família”, completa.