Pareço Virtual


Parecer moderno é realmente uma coisa só de fachada, pelo visto os caras do Cérebro Eletrônico são “rapazes de família”, segundo eles mesmos. Por isso pensam que o melhor é não dar nada logo de primeira, explicando-se desta maneira: “Não se trata de moralismo religioso ou capitalista, apenas de um mecanismo de molas que se contrai para armazenar força e então expandir plenamente. Pois é somente depois de estabelecida certa intimidade que tem início o processo de concessão e abertura de certos limites. O resto é apelido carinhoso, planejamento familiar, contas a pagar e reformas da sala”.

Seguindo seus preceitos, depois de apresentados e estabelecida certa intimidade, resolvem “dar sem receio, mas não tudo”. Os caras disponibilizaram na net, através da Phonobase Music Services, um EP virtual do disco Pareço Moderno. O material - Pareço Virtual - traz oito músicas do mais recente trabalho deles, quatro canções do disco, uma ao vivo e três remixes.

“Começamos com Pareço Moderno e Dê (as mais pedidas), descemos o morro com Mar Morro e subimos aos céus com Os Astronautas em versão ao vivo gravada em Rodoxland (o antro florestal de criação cerebral). As 3 últimas são presentes que ganhamos, remixes feitos por amigos e comparsas” afirmam os caras em texto divulgado aos amigos blogueiros.

De acordo com o jornalista sueco que escreve para o site All Music Guide, Philip Jandovsky, especialista em música brasileira, o som da galera do Cérebro desafia as simples definições, transcende os limites tradicionais de gêneros e flutua entre as vertentes da música eletrônica, rock, pop e MPB. Este ecletismo proposto pela banda não soa forçado ou auto-centrado, Philip ainda classifica a melodia das composições da banda como simples e estranhas e letras inteligentes. Outra característica da melodia, segundo Philip, é que são “diretas, muitas vezes atraídas pela maneira familiar da cultura pop, mas ao mesmo tempo com arranjos não convencionais e surpreendentes”. O objetivo é surpreender.





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O download do EP pode ser feito clicando AQUI


Arte urbana: da pixação ao graffite


Em viadutos, ruas escuras, na periferia, no centro da cidade, em praças ou em muros, o grafite (arte urbana) ou a pixação (vandalismo), podem ser encontrados em vários pontos das grandes capitais, e em Campo Grande não é diferente, os limites desse movimento está além do preconceito. É unânime o fato de que o grafite e a pixação são separados por um abismo de diferenças, que se resume na legalização.

Rabiscos e desenhos que poluem a paisagem da cidade e mais sujam os muros que decoram são encontrados facilmente, trata-se da pixação, que objetiva expressar revolta, ódio, rebeldia e rivalidade entre grupos. Mas o grafite autêntico não é tão comum, aquele feito como arte, para expressar sentimentos diversos, como uma bela pintura feita de maneira mais popular e localizada em um lugar tão popular quanto, que é a própria rua. Para ser visto por todos, o grafite é uma arte sem limite de público, criatividade e qualidade, mas sofre a rejeição causada pelo vandalismo.

Natacha Figueiredo Miranda é apaixonada pelo movimento desde pequena e hoje planeja trabalhar com o graffite para a desmarginalização da arte: “Eu penso em fazer a arte com a licença da prefeitura para graffitar áreas danificadas na cidade, para expor a arte de uma forma não marginal”. Natacha acredita que o graffite, como outros dons artísticos, tem seu valor social e pode colaborar com a educação. “A arte liberta. Faz o ser humano mudar sua forma de enxergar. É uma expressão fundamental”, afirma a graffiteira.

Assim como Natacha, o prof. Moisaniel Carlos de Alencar, que leciona Artes em uma escola estadual, acredita no vínculo entre graffite e educação: “Este tipo de atividade ajuda os alunos a desenvolver o desenho e desperta a descoberta das cores”. Já existem projetos que incluem aulas de graffite para crianças carentes, a fim de ensinar uma arte que é próxima de seu universo, proporcionando a descoberta de que ““graffite tem estética, é bonito de se ver. Na pichação o objetivo é outro, um modo de vandalismo”, completa o professor.


“O graffite deveria ser utilizado para embelezar as áreas detonadas da cidade, para acabar com o vínculo que é feito da arte ao submundo, vandalismo e marginalização”, é a opinião do produtor de eventos culturais, Roberto Figueiredo. “Apresentar Pablo Picasso para uma criança da periferia seria muito menos complexo se antes fosse apresentado um spray”, conclui a graffiteira Natacha.

por Ana Maria Assis e Rogério Valdez


** Para saber mais sobre a arte das ruas, que também engloba o graffite, aí em baixo tem o vídeo-documentário "Manifestaçõe Urbanas - O grito das ruas!" produzido umas colegas de turma, acadêmicas de Jornalismo: Júlia de Miranda, Juliana Morais e Priscilla Peres. Dá uma conferida!

Dub, Dub, Dub

Abra os olhos. A Capital morena, com ar interiorano, não limita seu cenário musical apenas ao universo das violadas. Novas propostas surgem, e com elas ritmos até então desconhecidos ganham adeptos. O Dub mostra então o seu diferencial, com um som que foge do contínuo, em freqüências eletrônicas, agrega outros estilos sem esquecer sua raiz no reggae jamaicano. Tradutora desta nova vertente, a banda LouvaDub é a precursora do estilo por aqui.

De acordo com a enciclopédia livre da web, o Dub é caracterizado por enfatizar as batidas de bateria e as linhas arrojadas de baixo. Os instrumentos recebem efeitos de mixagem aplicados à letra da canção e peças da percussão. Difícil de explicar, mas Gabriel Escalante, saxofonista do LouvaDub simplifica: “é uma variação eletrônica do reggae”. O som surgiu na década de 1960 na Jamaica, com versões remixadas de músicas de reggae, hoje em dia o dub já é considerado um estilo musical.

Gabriel explica que o novo estilo tem sido bem aceito entre a galera que curte canções com “letras aconchegantes e que não está entre o que se vê de massificado pelas baladas da Capital”. Para o músico a falta de novidade atrai novos apreciadores. “Um lance novo chama a atenção”, ressalta. Além de apresentar essa nova proposta para a música campo-grandense o LouvaDub traz canções inéditas que são composições próprias. “É interessante ser intérprete das próprias composições”, observa Gabriel.

A vocalista da banda, Lauren Kury, explica que as músicas que eles apresentam trazem sempre mensagens positivas, algumas canções falam de Deus, outras sobre preservação ambiental, porém, segundo a cantora, sem clichê. “A banda quer passar uma mensagem sobre a vida, tudo o que move as pessoas, para que elas sejam melhores, mostrar que tudo o que é vivo tem a mesma energia”, salienta Laren. Ela também diz que a proposta é que não exista preconceito musical e de acordo com Gabriel Escalente, o dub não está limitado ao reggae: “é um lance aberto que pode agregar outros estilos”.

Na Capital, o dub é pouco conhecido e o espaço para apresentações ainda é um tanto restrito, para um público universitário e frequentadores de baladas alternativas. “As bandas têm que fazer as próprias festas para divulgar o trabalho, porque o espaço ainda é muito segmentado por aqui”, observa Gabriel. A banda traz em suas apresentações uma identidade visual bastante característica. Os músicos fizeram shows pelo projeto Cenasom, onde tocaram e encenaram, com uma produção de cenário e figurino.
Com esta mensagem de amor pela vida, com características do reggae e toques eletrônicos o LouvaDub, antes Muckt Dub – mudou por já existir uma banda francesa com o mesmo nome – pode ser apreciada também no myspace, no endereço www.myspace.com/louvadub.

*fotos retiradas do myspace da banda